Por: Rodrigo Araújo
Acabei de assistir o espetáculo OS ALIENADOS no SESC da CIA INTROSPECTUS que foi dirigido pela brilhante diretora MÁRCIA RIBEIRO. A ousadia de fazer teatro em terras cearenses por si só já é um marco divisório na carreira de qualquer atriz ainda mais de uma profissional tão talentosa e com tanta verosimilhança em suas marcas. Apenas me pergunto porque não surgem novos dramaturgos , que possam escrever novos textos. Enfim a realidade nua e crua do teatro cearense por si só sem apoio e sem verbas de políticas públicas com certeza nos remete ao contexto de que quando uma CIA de TEATRO ousa na arte e apresenta para a sociedade um trabalho por si só já merece os mais saudáveis aplausos. O teatro corre na minha veia. É como um sangue que bombeia a minha alma. A Figura da dramaturga LOU DE OLIVER com toda a sua obra dedicada a psicopedagogia e com uma vertente que deságua no vácuo da busca da existência humana em seus conflitos circunda pleonasticamente o seu habitat natural de psicoterapeuta. A leveza do texto de “Os alienados” foi muito bem representada e explorada pelo conjunto cênico da CIA INTROSPECTUS.
A diretora interpretando a protagonista alienada foi sensacional em todos os seus atributos. Diversos critérios são pontos de partida para analise de um ator e o principal é a sua capacidade de agradar sem abusar de clichês e caricatura. Isso foi dosado de forma linear pela diretora. Foi astuciosamente trabalhado todos os critérios fundamentais que norteiam o arquétipo do personagem imaginado por LOU DE OLIVER.
O que ficou a desejar no espetáculo foi o pano de fundo que a montagem escrita em 1998 merecia uma roupagem mais atual. Verificou-se na produção um excesso de preciosismo em valorizar o texto sem as suas devidas alterações no cunho da história. Como expectador e observador do panorama mundial percebe-se que o diapasão recessão e o desemprego não são mais as temáticas em pauta na atual sociedade e que os alienados de hoje são bem diferentes dos propagados e narrados na época da estilização do enredo. Vejamos que o BRASIL evoluiu e naquele contexto histórico, nem imaginávamos que teríamos a TV em alta definição e muito menos o advento volupioso das redes sociais. Sequer poderíamos imaginar que os alienados da televisão iriam aderir as novas e atuais fontes de alienação. No espetáculo percebemos isso quando a atriz Wanessa Araújo interpretando uma apresentadora de um programa de auto ajuda ou de exposição da imagem na TV fala em FAX e depois em EMAIL. Essa tênue linha histórica parece que ficou desapercebido pelo contexto enfático apresentado na comédia.
Contudo também preciso mencionar o desempenho de alguns artistas e cito como destaque além da diretora os atores Wanessa Araújo, Hylnara Vidal e Aurélio Barros foram excelentes em suas interpretações evocando grandiosamente o sentido estrito do ser ator dentro de um panorama dramatúrgico. Acentuando na minha concepção a atuação de Hylnara Vidal que achei contundente em todos os momentos. A atriz foi exuberante e nas diversas entradas conseguiu se posicionar de forma brilhante e só precisa se aperfeiçoar no trabalho de voz para que possa articular de forma mais disposta as correntes sônicas. Alias um trabalho oral muito bem distribuído pelo grupo e ajudado pela belíssima acústica da caixa cênica do SESC EMILIANO QUEIROZ.
Atores e atrizes que se entregaram de forma aberta para um “teatro” que precisa romper os paradigmas do passado e se constituir assim expressando-se de forma livre e integrada. Parabéns a diretora pelo seu trabalho que já tive a honra de assistir em outras ocasiões. Colaborando com o pedido do grupo eis que sugiro que assistam a peça OS ALIENADOS e cada um reflita consistentemente quais são as suas alienações de hoje.
Sucesso ao grupo e uma boa indicação do BLOG EVENTOS NORDESTE. Sábado e Domingo as oito da noite no SESC EMILIANO QUEIROZ.
FEEDBACK PARA A CIA INTROSPECTUS
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO: EXCELENTE
TEXTO: REGULAR PRECISANDO DE UMA MELHOR DISTRIBUIÇÃO COM A LINHA DO TEMPO
TEATRO: EXCELENTE
DESTAQUES: MARCIA RIBEIRO, WANESSA ARAÚJO, HYLNARA VIDAL E AURÉLIO BARROS
RECOMENDAÇÃO: ALTA
Escrito por GEDH 
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