Em “Habemus Papam”, Nanni Moretti retrata crise existencial de papa recém-eleito

16 de março de 2012

 

 

O ator e diretor italiano Nanni Moretti faz comédia inteligente ironizando religião e psicanálise em seu novo filme, “Habemus Papam”, que concorreu no Festival de Cannes 2011 e estreia nesta sexta-feira (16).

O papa em questão é interpretado pelo magnífico ator francês Michel Piccoli, que dá carne, osso e uma psicologia muito especial ao personagem do cardeal Melville. Um homem que, eleito papa, entra em crise e não toma coragem de assumir o cargo.

Este instigante ponto de partida desenvolve-se em uma série de direções criativas, no roteiro assinado por Moretti, Francesco Piccolo e Federica Pontremoli. Começa pelo inusitado da situação, em que todos sabem que há um papa eleito, mas não seu nome, pois na hora em que ele deveria saudar o povo na sacada do Vaticano, entra em pânico e recua.

Como ele já aceitou o cargo, o pesado protocolo da Igreja Católica cai num impasse. O que fazer? O papa assume ou não o cargo? A imprensa de todo o mundo pressiona para saber o nome do eleito.

Entra em funcionamento o prodigioso jogo de cintura do porta-voz do Vaticano (o ator polonês Jerzy Stuhr, habitué de vários filmes de Krzysztof Kieslowski, como “A Igualdade é Branca”).

Primeiro, o porta-voz chama o médico. Depois, o psicanalista (Nanni Moretti). A entrada deste estranho no ninho do Vaticano é o principal deflagrador de situações cômicas, já que o terapeuta é declaradamente ateu no meio de um imenso grupo de cardeais de vários países, votantes da eleição papal.

Enquanto o papa entra em crise existencial, pois não se julga apto para o cargo, o psicanalista e os cardeais, todos impedidos de deixar o Vaticano por causa do segredo a ser mantido a todo custo, dedicam-se a jogos diversos.

Começa pelo carteado, em que os cardeais mostram que não gostam de perder, como quaisquer pecadores. E termina por um torneio de vôlei, em que o terapeuta divide os times por blocos continentais, em que fica claro o peso da geopolítica, ou seja, a lei do mais forte prejudicando a América Latina, a África e a Oceania, que têm menos cardeais.

Enquanto isso, o porta-voz tenta outras estratégias, levando o papa para fora dali para ver outra terapeuta (Margherita Buy, de “O Quarto do Filho”). Desta vez, o papa parece ter ficado mais tocado pela conversa, o que o leva a fugir, para desespero do porta-voz e dos policiais que o acompanhavam.

Nesta fuga, o papa frequenta lugares normalmente inacessíveis ao Sumo Pontífice – uma lanchonete simples, uma loja de departamentos, um hotel modesto, um teatro em que uma trupe interpreta “A Gaivota”, de Anton Tchecov.

O religioso demonstra interesse por ser ator – o que aproxima este personagem do João Paulo 2º, que na juventude foi ator. Ainda assim, Nanni Moretti negou em Cannes que tivesse se inspirado no papa polonês, que morreu em 2005.

Assumidamente ateu desde a juventude, Nanni Moretti não expõe somente os bastidores e contradições da religião – os percalços da psicanálise também são objeto de sua ácida ironia, particularmente neste filme, um de seus melhores.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Por UOL

 


CURTA DOZE E MEIA – MUNDO DAS MULHERES

6 de março de 2012

 

 

O Centro Cultural dos Correios em Recife encerra nesta quinta-feira, o projeto Curta Doze e Meia – Mundo das Mulheres. Confira a exibição dos seguintes vídeos.

Eu e Crocodilos (SP)
Direção: Marcela Arantes / Fic / 2008 / 17min
Sinopse: A descoberta do outro e os conflitos emocionais típicos da adolescência são expressados no cotidiano e nos sonhos de Raquel.

Visita Íntima (PR)
Direção: Joana Nin / Doc / 2005 / 15min
Sinopse: O que faz uma mulher livre escolher um presidiário para desenvolver um relacionamento amoroso? Entre as personagens, algumas conheceram o companheiro na penitenciária, outras visitam o marido há décadas. Elas se sentem valorizadas e se consideram bem-amadas. São mulheres que insistem num relacionamento cheio de constrangimentos e privações, mesmo sofrendo as consequências dessa opção. Neste filme, o universo carcerário está presente quase que exclusivamente no relato das mulheres, e nunca sob o ponto de vista dos maridos.

Dalva (SP)
Direção: Caroline Leone / Fic / 2004, 10min
Sinopse: Visão poética do cotidiano de uma mãe solteira vivendo na cidade de São Paulo. O sonho contado pela filha transforma seu dia em objeto de reflexão sobre as possibilidades individuais de felicidade.

Eh Pagu, eh! (SP)
Direção: Ivo Branco / Doc / 1982 / 15min
Sinopse: O filme acompanha a trajetória da vida e obra de Patrícia Galvão, a Pagu. Mulher do escritor Oswald de Andrade, participa com ele do Movimento Antropofágico, milita no Partido Comunista e mantém uma vida de ativismo até sua morte em Santos, em 1962, já afastada da política e ligada à cena teatral.

O Pedido (PE)
Direção: Adelina Pontual / Fic / 1999 / 15min
Sinopse: Num velho casarão, uma velha senhora e sua jovem afilhada preparam-se para receber uma misteriosa visita que realizará um antigo desejo.

Informações:

Cidade Recife
Local Centro Cultural dos Correios
Data 08/03/2012
Horário 12h30
Ingresso Entrada gratuita
Observação Mais informações: (81) 9950.0166